sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mãos dadas


Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considere a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.

Não distribuirei entorpecentes e cartas de suicida.

Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens

presentes, a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

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1 Comentários:

Às 16 de janeiro de 2011 às 15:04 , Blogger josviper disse...

Regina, gostei muito do seu blog. Parabéns

 

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